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4 lições de liderança com James Gunn, de O Esquadrão Suicida

O diretor James Gunn e o elenco de Esquadrao Suicida
Prof. Roberto Sachs Diego Assis
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Todo líder já passou ou vai passar por momentos de dificuldades, quando os desafios à frente parecem incontornáveis e o mundo lá fora parece conspirar contra. Com a pandemia então, nem se fale.

James Gunn, diretor do novo O Esquadrão Suicida, sabe bem como é isso.

Depois de ser demitido em 2018 da Disney por tuítes ofensivos que fez no passado, o diretor do hit Guardiões da Galáxia (2014) foi contratado pela rival Warner Bros. para encabeçar uma missão que parecia impossível: transformar o desastre que foi a primeira versão de Esquadrão Suicida nos cinemas em algo digno dos fãs de quadrinhos.

Uma segunda chance que, se não desse certo, talvez significasse também seu suicídio simbólico para o mundo do cinema pop.

Você pode estar se perguntando: mas o que é que um texto desses está fazendo aqui no blog da Rock Ensina se o que a gente espera daqui é ficar por dentro de dicas do mundo do trabalho?

Não desista! Este artigo não é só para quem gosta de ir ao cinema ver heróis e heroínas musculosos se estapeando, com sangue, gosmas e explosões jorrando na tela. Longe disso.

Este texto é sobre como um diretor talentoso é capaz de colocar habilidades como Liderança, Gestão de Projetos, Gestão de Pessoas, Criatividade, Inteligência Emocional, Antifragilidade e Disposição ao Risco em prática e ainda lançar um produto que deixa os clientes satisfeitos, sorrindo de orelha a orelha.

Nada mais Rock Ensina que isso, concorda? Veja a seguir as lições de liderança que aprendemos com James Gunn e seu novo “O Esquadrão Suicida”:

1. Obstáculos trazem oportunidades

Ao aceitar dirigir a nova adaptação de Esquadrão Suicida para o cinema, depois do fracasso da versão de 2016, dirigida por David Ayer, James Gunn assumiu um enorme risco.

Não só porque o filme anterior recebeu as piores críticas e foi classificado como “uma bagunça”, “uma oportunidade perdida” ou “o suicídio da DC Comics no cinema”, mas também por aceitar trabalhar para a Warner num momento em que parecia que nenhum filme de super-herói mais daria certo para o estúdio. Pelo menos não nas mesmas proporções do que os sucessos estrondosos de bilheteria de sua casa anterior, a Disney/Marvel.

Com o novo O Esquadrão Suicida, James Gunn estava literalmente colocando sua recém-conquistada credibilidade com os fãs de quadrinhos à prova de fogo.

Por que não? Como diz a frase que aparece estampada na camiseta do Coronel Rick Flag, um dos personagens do novo filme, “Obstáculos trazem oportunidades”.

2. Líderes também falham e sabem reconhecer seus erros

Se a relação entre a Warner/DC Comics com o público e a crítica não era das melhores quando Gunn foi contratado, o mesmo pode ser dito da vida pessoal do diretor.

Meses antes do anúncio de sua contratação, ele tinha sido publicamente dispensado pela Disney depois que comentários pedófilos e homofóbicos que fez no Twitter uma década atrás vieram a público.

Em vez de tentar se justificar ou de se apressar em resumir seus tuítes a simples “piadas”, o diretor compreendeu que boa parte das pessoas e das empresas não tolera mais esses comportamentos e fez o que todo líder deveria fazer numa hora dessas: admitiu que errou, pediu desculpas e demonstrou antifragilidade ao encarar o episódio como um aprendizado e oportunidade de crescimento.

Talvez até por essa atitude, não levou tanto tempo até que boa parte do público aceitasse as desculpas e pressionasse a Disney para dar a Gunn uma nova chance e recontratasse o diretor para terminar a trilogia de Guardiões da Galáxia que ficara órfã com a demissão súbita do diretor.

Pois não é que a Disney aceitou?

3. O bom líder coloca a pele e seu repertório em jogo

Quando contratou James Gunn para o reboot de O Esquadrão Suicida, a Warner sabia que estava trazendo para casa não só uma arma de sua maior rival na indústria, mas principalmente um diretor autoral. Talvez um dos mais autorais do chamado MCU, o universo de filmes da Marvel no cinema.

Como deixou claro em Guardiões da Galáxia, Gunn não faz questão de se adaptar ao tom ou à linha do tempo dos outros filmes que vieram antes ou que virão depois. Por isso mesmo ele diz preferir trabalhar com personagens mais lado B em vez de medalhões como o Superman, que chegou a ser oferecido para ele quando chegou à Warner, mas que educadamente declinou em favor dos desajustados do Esquadrão Suicida.

Apesar das centenas de milhões de dólares de orçamento envolvidos, das enormes equipes de efeitos especiais e da gigantesca pressão corporativa da Warner para que o projeto desse certo, o diretor negociou a liberdade criativa de fazer o filme em que ele acreditava, com as suas referências e preferências e um respeito enorme ao DNA e ao espírito dos quadrinhos da década de 80.

Um tubarão-humano vestindo cueca samba-canção, um super-herói com complexo de Édipo que lança bolinhas coloridas ridículas e um vilão em forma de estrela do mar gigante ao modo das séries de TV trash japonesas? Por que não?

Após duas semanas da estreia, O Esquadrão Suicida já é praticamente unanimidade entre público e crítica – os mesmos que descascaram primeiro filme – e se não teve desempenho ainda brilhante de bilheterias é porque boa parte das pessoas ainda teme a pandemia e não vai sair de casa tão cedo para ver um filme no cinema.

Dica da Rock: se você for assinante do HBO Max, O Esquadrão Suicida estará disponível em setembro próximo no streaming.

4. Não existe super-herói. Existem super-times

OK, deu pra perceber que James Gunn é um cara criativo, imperfeito porém resiliente e competente, mas sejamos honestos: um bom filme, como qualquer projeto na sua empresa, não se faz só com uma pessoa.

Como o próprio nome sugere, O Esquadrão Suicida é um time de super-heróis (ou anti-heróis, pra ser mais específico) e, para transformar suas ideias em realidade, Gunn precisou liderar um elenco com algumas dezenas de atores. Dos mais badalados como Margot Robbie, Sylvester Stallone, Idris Elba, John Cena e Viola Davis, aos novatos como a portuguesa Daniela Melchior e o quadrinista John Ostrander (autor das velhas HQs do Esquadrão). Até o irmão de Gunn, Sean Gunn, entra na dança fazendo uma ponta!

Pelos relatos dos atores nas entrevistas de divulgação do filme, James Gunn se comportou como um maestro durante as filmagens. Ao mesmo tempo em que dava autonomia e liberdade para o elenco improvisar e desenvolver seus personagens, também compartilhava referências, dicas e até músicas no set para fazer com que o time acompanhasse a sua visão.

Sem entrar em muitos detalhes da história para quem ainda for assistir, a própria trama que se desenrola na tela está em muitos momentos revelando e colocando à prova modelos de liderança de equipes mais ou menos bem-sucedidos. Daqueles chefes durões que só querem ser obedecidos, aos mais ambiciosos e inseguros que só querem ser amados.

No final das contas, aquele que sabe compreender as histórias de vida, o propósito, as forças e fraquezas de cada um de seus liderados, bem como o momento e o lugar certo para direcionar cada um deles, é o que acaba se dando melhor.

Já ouviu falar disso aqui na Rock Ensina, não? Pois é… a arte imita a vida e nem sempre um filme de super-heróis no cinema é só um filme de super-heróis no cinema.

Até a próxima, rockers!