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Os segredos que Hollywood não conta

De Volta para o Futuro
Prof. Roberto Sachs Diego Assis
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Quais são as primeiras coisas que vêm à sua cabeça quando pensa em Hollywood? Astros e estrelas do cinema? Grandes diretores trabalhando com orçamentos milionários? Fama, glamour e sucesso?

Bem, não é exatamente assim. Os bastidores dos grandes blockbusters que marcaram a nossa vida estão recheados de histórias de fracassos, improvisos e decisões arriscadas.

Alguns desses segredos que Hollywood não conta são revelados na ótima série de documentários Filmes que Marcam Época, que acaba de ganhar uma segunda temporada na Netflix.

Cada episódio foca nos bastidores de uma produção e, para além das curiosidades que certamente vão agradar quem é fã, oferece valiosas lições de empreendedorismo, liderança e gestão de projetos.

A principal delas? A de que não existe caminho para o sucesso que não passe pelo fracasso e pela disposição de correr riscos.

Na coluna Pop Ensina desta semana, separamos 3 cases que vão fazer você rever seus filmes favoritos por um outro ângulo e, de quebra, inspirá-lo a colocar o propósito em primeiro lugar.

Agora que já passamos o “trailer”, prepare-se para uma jornada… De Volta para o Futuro!

A criatividade é maior quanto menor o orçamento

A dupla de roteiristas Robert Zemeckis e Robert Gale não tinha sequer um filme comercial no currículo quando resolveu bater à porta de Steven Spielberg para mostrar suas ideias, no final da década de 70.

Mesmo jovem, Spielberg já tinha dirigido Tubarão e era um dos nomes mais badalados de Hollywood. O diretor gostou da ousadia da dupla e deu carta branca a eles para produzirem dois filmes e roteirizar um terceiro para que Spielberg dirigisse. Todos fracassaram nas bilheterias.

Um péssimo começo? Que nada! Os dois Bobs (Zemeckis e Gale) não se intimidaram e colocaram na mesa do estúdio Columbia Pictures a ideia de uma história sobre um menino que volta ao passado e conhece seu pai e sua mãe nos tempos de colégio. Sim, você adivinhou: tratava-se do roteiro do primeiro De Volta para o Futuro!

O que talvez você desconheça é que na primeira tentativa, a resposta que receberam do estúdio foi um sonoro NÃO! Em vez disso, deram a Zemeckis a tarefa de dirigir um roteiro água-com-açúcar sobre uma escritora de aventuras românticas que se embrenha na selva colombiana para resgatar a irmã e encontrar uma joia perdida.

Outro fracasso? Errou de novo! Tudo por uma Esmeralda estourou nas bilheterias e se tornou o primeiro grande sucesso da carreira de Zemeckis. Que, finalmente, ganhou o sinal verde para realizar seu De Volta para o Futuro.

A história da produção é cheia de reviravoltas a começar que o chefão do estúdio recusou a sugestão de que Michael J. Fox fosse o ator principal. Em uma reunião com os roteiristas ele também deixou claro que não gostava do nome proposto e, em vez dele, sugeriu O Homem Espacial de Plutão… Err, péssimo, né?

Com a ajuda dos produtores, a dupla de Bobs conseguiu manter o nome, mas teve de aceitar a sugestão do ator Eric Stoltz para o papel do protagonista Marty McFly. E mais uma exigência: teriam de filmar tudo em 65 dias para que o filme estreasse em junho, no verão americano.

Para se enquadrarem no orçamento enxuto, ainda tiveram de abrir mão de uma cena em que simulariam uma explosão atômica. Sentados na praça cenográfica do estúdio, tiveram a iluminação: e se a gente colocar um relógio naquela fachada e, de repente, ele for atingido por um raio! “A criatividade aumenta quando não se tem orçamento”, recorda Bob Gale no documentário, referindo-se à cena que se tornou um dos símbolos máximos do filme.

Mas quando estavam com 6 semanas e meia de filmagens, os roteiristas voltaram a contrariar o chefão dizendo que Stoltz não era o homem para o papel e que eles estavam dispostos a refilmar tudo se pudessem trazer Michael J. Fox para o elenco. “A história vai provar que vocês estavam errados, mas vou aceitar só porque vocês claramente acreditam nisso”, teriam ouvido do presidente do estúdio.

O final da história vocês já conhecem e De Volta para o Futuro se tornou sucesso mundial, com mais de 385 milhões arrecadados em bilheteria, consagrou as carreiras de Zemeckis e J. Fox e ganhou duas continuações que estão até hoje entre os melhores filmes de aventura a sair de Hollywood.

Graças à resiliência, jogo de cintura e criatividade dessa dupla brilhante de Bobs.

“Vamos ignorar os problemas. E continuar”

A história dos bastidores de Os Caça-Fantasmas guarda algumas semelhanças com a de De Volta para o Futuro. Como Gale e Zemeckis, o ator e roteirista Dan Aykroyd e o diretor Ivan Reitman tiveram de empreender uma corrida contra o tempo para entregar o filme todo em surreais 10 meses.

Assim como os Bobs e sua história do relógio, Aykroyd e o co-roteirista Harold Ramis também tiveram suas melhores ideias em períodos de contemplação, recolhidos numa casa de praia enquanto davam asas à uma história de fantasmas que, na verdade, tinha inspiração bem real. No início do século 20, o avô e os tios de Aykroyd ficaram conhecidos por investigar fenômenos paranormais.

Talvez a maior diferença de Os Caça-Fantasmas é que, desde o princípio, o estúdio se empolgou com a ideia de Aykroyd – que já era um ator bastante conhecido do programa de TV Saturday Night Live. Além de conseguir recrutar outros nomes de peso da comédia, como Bill Murray e o próprio diretor Ivan Reitman, Aykroyd conseguiu um orçamento vultuoso para a época, de 25 milhões de dólares, para fazer seu filme. O único compromisso era a realização dentro do prazo curto. Por que não?

Com verba e carta branca, os produtores foram atrás dos melhores profissionais do ramo e os convenceram a comprar a ideia — mesmo que isso significasse madrugadas adentro de trabalho e lidar com a imprevisibilidade de Bill Murray, que sumiu depois de aceitar o papel e só reapareceu para trabalhar duas horas antes de começarem as filmagens.

O projeto tinha um outro “probleminha” para lidar. Até pouquíssimas semanas antes da estreia, não tinham a famosa trilha-sonora e muito menos os direitos do nome Caça-Fantasmas para usar no título. Ghost Busters, em inglês, já era o nome de uma série de TV do estúdio Filmation e, por muito pouco, o filme não acabou se chamando Ghost Breakers.

Apesar da resistência do jurídico do estúdio Universal, Aykroyd e os produtores resolveram comprar o risco e rodaram o filme exatamente com o nome que queriam. Segundo um produtor entrevistado no documentário, o lema no set sempre foi: “Vamos ignorar o problema. E continuar!”

Gestão à vista: a importância de se ter um plano de batalha

Fantasmas jurídicos também assombraram o set de Um Duende em Nova York, filme de Jon Favreau que é considerada uma das melhores comédias natalinas já produzidas em Hollywood.

Acontece que Favreau, que hoje conhecemos como diretor dos filmes do Homem de Ferro e mente por trás de grandes projetos da Disney como O Mandaloriano e o remake de O Rei Leão, era só um diretor iniciante no início dos anos 2000. Seu nome era relativamente conhecido como ator, mas na direção seu único feito tinha sido o fracassado Crime Desorganizado, de 2001.

O roteirista David Berenbaum, que escreveu a história inspirado na relação com seu próprio pai e a paixão da família por filmes natalinos, tampouco era conhecido.

Pra piorar, a escolha de Will Ferrell para o papel principal também não agradou imediatamente o estúdio. Ferrell era outro nome incensado entre os fãs do programa de TV Saturday Night Live, mas não tinha experiência no cinema e os chefões do estúdio não viam a menor graça no grandalhão.

O que fazer? Aceitar as exigências e submeter o projeto aos caprichos da New Line Cinema? Não, senhor! Favreau bateu o pé e listou três princípios que norteariam a produção: 1) fazer com que Um Duende em Nova York se tornasse um clássico atemporal; 2) fazer um filme de Natal autêntico para as famílias e 3) fazer com que o filme parecesse com a animação infantil, Rudolph, A Rena do Nariz Vermelho.

A inspiração neste último foi tamanha que cenários, figurinos e até algumas sequências de Um Duende em Nova York remetiam diretamente ao clássico de 1964 da produtora Rankin/Bass.

A aposta de Favreau trouxe muita dor de cabeça a ele e aos produtores, que tiveram de se acostumar com a presença do jurídico dentro do estúdio, fiscalizando as gravações e chegando a sugerir que até a roupa do duende fosse azul e não verde para evitar processos por plágio.

O estilo incontrolável de Will Ferrell no set também resultou em uma dose extra de problemas, já que muitos não entendiam sua proposta de humor, mas no final das contas a insistência de Favreau se mostrou correta e a comédia de baixo orçamento tornou-se o filme mais visto daquele Natal e um indiscutível clássico do gênero como anotou o diretor já no início, em seu plano de batalha.

10 lições de gestão que aprendemos com os bastidores de Hollywood

Se você chegou até o final do texto e quer aprender mais com os grandes cases de Hollywood, sugerimos que não deixe de assistir a esses e outros episódios da série Filmes que Marcam Época na Netflix. Valem muito a pena!

Mas, para rebobinar a conversa, listamos abaixo 10 lições que aprendemos com os bastidores de De Volta para o Futuro, Os Caça-Fantasmas e Um Duende em Nova York.

1. O fracasso é só mais um passo na direção do sucesso. Não deixe que projetos que deram errado tirem sua vontade de continuar tentando. Aprenda com eles e melhore.

2. Se você acredita na sua ideia, não se deixe abalar por uma eventual rejeição. Tome as rédeas e não deixe que os obstáculos o desviem de seu objetivo.

3. Agarre as oportunidades que aparecerem no caminho. Mesmo que não seja seu objetivo final, use cada experiência para aprender e construir sua trajetória.

4. Saiba negociar com seus superiores. Faça concessões quando necessário, mas não deixe de apontar quando um caminho está dando errado, sempre tentando trazer novas soluções

5. Assuma riscos. Por mais difícil que seja deixar a zona de conforto e assumir responsabilidades por algo que possa dar errado, sem riscos não há inovação.

6. Respeite prazos e orçamentos, mas use a criatividade para encontrar alternativas surpreendentes para o projeto. Uma pausa para reflexão no meio da correria, pode ajudar a encontrar saídas inesperadas

7. Encontre a sua verdade e seu propósito e traga-os para o projeto. Sua própria história de vida pode render insights riquíssimos e autênticos

8. Procure os melhores parceiros e compartilhe com eles sua visão única do projeto. Faça-os conectar-se com seu propósito e lutar com você pela integridade do projeto

9. Atente-se sempre a questões e requisitos legais envolvidos em seu projeto. Tente antever problemas, mas não fique paralizado diante deles

10. Escreva um plano de batalha e compartilhe com a sua equipe desde o dia 1 do projeto. Liste princípios e objetivos claros e garanta que eles serão seguidos até o fim.