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Conteúdos sobre autoconhecimento! :)

Como tomar decisões difíceis?

Como tomar decisões difíceis sob pressão
Prof. Roberto Sachs
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Do momento em que nos levantamos até a hora de dormir nos deparamos com diversas situações em que é necessário fazer escolhas. Qual roupa vou colocar para sair, o que vou preparar para o café da manhã, qual caminho vou pegar para fugir do trânsito, o que vou comer no almoço, quais tarefas vou priorizar no meu trabalho hoje, entre outras. 

É verdade que muitas dessas escolhas costumamos fazer no piloto automático, mas sempre surgem aquelas que nos afligem, decisões difíceis que, uma vez tomadas, impactam mais diretamente nossas vidas e a de outras pessoas também. São decisões que podem comprometer sua carreira, as finanças da sua família e seus relacionamentos

No artigo a seguir, vou te ensinar algumas técnicas sobre como tomar decisões difíceis com o máximo de segurança possível. São ferramentas que usei e uso nas mais de 200 empresas para as quais prestei serviços de consultoria e têm resultado comprovado.

Só não espere receitas milagrosas. Antes de tudo, é preciso esclarecer que não existem decisões com 100% de certeza e imunes ao risco. Toda tomada de decisão contém riscos embutidos. Toda escolha exige renúncias. Cabe a você analisá-los e administrá-los.

Duas estratégias para você não usar na hora de decidir

Antes de falar sobre as estratégias a adotar para tomar decisões difíceis, vamos tirar logo da frente duas coisas que você nunca deve fazer diante dessas situações: tomar decisões por impulso ou, no outro extremo, aplicar cautela excessiva na hora de decidir.

Uma das grandes verdades sobre tomada de decisões é a de que você deve decidir antes que decidam por você. Se você demorar demais para decidir, é provável que acabe perdendo grandes oportunidades.

Mas isso não deve jamais ser confundido com agir por impulso. Decisões tomadas sob intensa pressão e emoção podem te cobrar um preço caro lá na frente. Chamo elas de ímpeto inconsequente.

Elas podem até trazer algum prazer imediato (“Não vou atender essa ligação agora”, “Vou gastar esse dinheiro e depois vejo como pagar”), mas no dia seguinte o problema pode vir ainda maior. 

Também não adianta usar o “feeling” ou a chamada decisão especulativa para tirar logo o problema da frente. Na maior parte das vezes dá errado. Se você não lidar com uma decisão difícil da forma mais efetiva, o que era um problema hoje pode virar um monstro amanhã.

Indo para o outro extremo, é preciso deixar de lado a cautela imobilizadora. Pessoas de perfil conservador e perfeccionista, que esperam ter todas as informações na mão e têm um nível de exigência acima do razoável costumam travar, a ponto de não conseguir decidir.

Elas esperam um grau de assertividade tão alto que faz com que temam a decisão. Nunca estão seguras. E são justamente essas pessoas excessivamente cautelosas que acabam deixando que alguém decida por elas. Elas sempre acabam perdendo o timing.

Mas afinal, como administrar melhor a minha tomada de decisão? Nem tanto cá, nem tanto lá. Em uma palavra: planejamento. Planejar é pensar e criar um futuro. E é isso que vai me proteger dos dias mais turbulentos e diante das decisões mais difíceis.

Como? Agora, sim, vejamos algumas técnicas para tomar decisões difíceis a seguir.

Fórmula 70×100: decisão possível e bem informada

Imagine que você seja um líder de RH e esteja diante de uma situação em que precisa demitir um funcionário. Ele aparentemente está tendo problemas de comunicação e parece não se encaixar na cultura organizacional da empresa. Sua primeira atitude é conversar com o gerente-geral ou diretor da área, que confirma que quer a demissão do colaborador.

Você fecha questão e demite? Nada disso. Depois de falar com o chefe, se você for um líder sábio e estratégico, vai conversar com o supervisor imediato do funcionário. Não satisfeito, você ainda vai chamar o funcionário para conversar e entender a visão dele sobre os supostos problemas. E basta? Ainda não: agora é hora de conversar com os clientes e ver como ele está atendendo e se têm algo a acrescentar. Você também pode querer dar uma olhada nas redes sociais dele e ver como estão os relacionamentos e comportamentos dele com outras pessoas.

Se não dá pra dizer que você terá 100% de segurança que demitir é a decisão correta, o que é inegável é que, depois de passar por tudo isso, você terá o maior número de pontos de vista diferentes da história e poderá chegar o mais próximo possível de um quadro real

Note que você não está trabalhando mais com impulso, com opinião ou com feeling. Nem com 100% de certeza sobre os fatos — fatos não existem, o que existem são interpretações do fato.

Em vez disso, você está tomando uma decisão o mais bem informada possível, baseada nos dados que coletou. 

Essa é a ilustração da Fórmula 70 x 100 que usamos aqui na Rock Ensina. Com 70% de certeza decida, e se comprometa 100% com o resultado.

Decidir com 70% de certeza significa assumir o risco. Costumo dizer que para tomar decisões difíceis é preciso costas largas. Você terá de suportar o ônus da decisão, mesmo sabendo que ela pode dar errado. 

E é justamente por isso que, uma vez tomada a decisão, você precisa se comprometer 100% com ela. Se você tem essa atitude, a chance de êxito é maior. É o que chamamos de desejo imperativo, ou a vontade de fazer acontecer.

Que me desculpem os pessimistas, mas pessoas otimistas costumam ser mais resilientes e, por isso mesmo, ter melhores resultados nas decisões. Ao contrário, se em tudo você enxerga o copo meio vazio, na hora de decidir você terá dificuldades.

Antes de uma decisão difícil, distancie-se do problema

A Fórmula 70 x 100 é perfeita para quando você tem algum tempo para investigar e discutir o problema, antes de decidir. Mas e se a tomada de uma decisão difícil for urgente e precisar ser para o dia seguinte, ou pior ainda, de uma hora para outra?

Nesses casos é preciso tomar cuidado com o que falamos acima: a decisão por impulso. O mais recomendável nessas situações é conseguir distanciar-se do problema, mesmo que por algumas horas. Passar a noite acordado, pensando no problema e fazendo cálculos vai mais atrapalhar do que ajudar. Chega uma hora que você perde a perspectiva.

Desligue a sua mente. Procure ver alguns vídeos engraçados, vá cozinhar ou ler um livro que nada tenha a ver com o trabalho. E durma. Não há nada como uma boa noite de sono para revigorar a mente e clarear as ideias.

Se a decisão for ainda mais urgente, em questão de horas ou mesmo minutos, mesmo assim você precisa desligar. Levante-se da cadeira, vá buscar uma água, vá ao banheiro lavar o rosto ou dar uma volta no pátio da empresa ou no quarteirão. Esvazie a mente ainda que por alguns instantes. Quando retornar e tiver de decidir sua mente já estará melhor.

Regra 45/2T: segure a decisão até o limite do tempo

Outra fórmula que adotamos na Rock Ensina para auxiliar na tomada de decisões difíceis é a Regra 45/2T, que para os amantes do futebol é quase autoexplicativa. Trata-se de segurar a sua decisão até o limite possível do tempo ou “até os 45 minutos do segundo tempo”.

Essa regra é inspirada na visão de alguns economistas que dizem que quanto mais você adia uma decisão importante, mais chance tem de tomá-la de forma mais serena.

Vamos a outro exemplo. Imagine que você vem pensando há semanas em pedir um aumento para seu chefe. Até que em um belo dia, sexta-feira, 18h, do dia 30 de um mês em que a empresa fechou no vermelho, você se levanta da sua mesa e pensa: “Preciso falar com ele, tem que ser agora!”.

Timing errado! Você pegou ele no final de um mês traumático, às vésperas do final de semana e provavelmente sem paciência alguma para ouvir os seus motivos. Quais as chances reais de conseguir seu aumento nessa situação? Muito próximas de zero.

A verdade é que, na ansiedade de decidir, as pessoas fazem as coisas sem pensar e tomam as decisões erradas

Minha dica para isso é: evite as pontas da semana para tomar decisões difíceis. Às sextas-feiras, a partir das 15h, a maioria das pessoas já está operando no modo final de semana. E também fuga das segundas-feiras. As segundas-feiras são os dias ideais para organização e para conversar coisas mais agradáveis. Concentre as decisões importantes entre as terças e as quintas-feiras.

Voltando à Regra 45/2T, lembre-se de que entre o surgimento do problema e a tomada de decisão existe uma distância. E quanto maior ela for, maior é a chance de você decidir de forma racional. 

E mesmo se a distância entre eles for curta, reserve algumas horas para colocar os prós e contras da situação em uma matriz simples e pesar o que é melhor. Assim como na Fórmula 70 x 100, quando mais dados você conseguir coletar, mais próximo de uma decisão segura estará.

Como usar a Trilha das Cores para tomar decisões difíceis

Se você já conhece a Rock Ensina, sabe que dividimos nossos alunos em quatro diferentes perfis de cores ou comportamentos: os azuis (ou racionais), os verdes (afetivos), os amarelos (reflexivos) e os vermelhos (pragmáticos). Não sabe qual é a sua cor? Faça aqui o Teste das Cores. É gratuito e não leva nem 5 minutos!

Se fôssemos traduzir as explicações acima nas cores da Rock Ensina diríamos que os azuis extremos são os que tendem mais para a cautela imobilizadora; os vermelhos são os que correm maior risco de tomar decisões por impulso; e os amarelos são os que seguram até os 45 minutos do segundo tempo. 

Mas como todos que fizeram o Teste das Cores já sabem, todos nós temos um pouco das quatro cores. E isso é ótimo!

A verdade é que para tomar decisões difíceis vamos precisar usar uma a uma dessas cores, seguindo a ordem abaixo:

  • Azul: É quando coletamos informações sobre o problema de forma solitária; vamos atrás dos relatórios, analisamos indicadores e anotações que já temos sobre ele.
  • Verde: É a etapa de conversar com as pessoas, de apurar as diferentes interpretações sobre o fato e absorver o máximo de informações sobre o que os outros pensam sobre aquela decisão.
  • Amarelo: É o momento de desligar do problema, distanciar-se dele. Para tomar uma decisão difícil você em algum momento tem que sair do problema. Saia da internet, pare de fazer contas e vá fazer coisas agradáveis e contemplativas.
  • Vermelho: É a hora de decidir. Toda escolha significa uma renúncia, e você terá de assumir os riscos e os ônus. Se você fez uma boa coleta de informações, se desligou a mente no espaço que teve e, aí sim, tomou sua decisão com 70% de certeza, é hora de se comprometer 100% com ela. Assuma o comando, seja resiliente e não olhe para trás.