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Cultura Organizacional = Valores x Comportamento

Cultura organizacional e comportamentos do líder
Prof. Roberto Sachs
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Cultura organizacional é a forma como uma empresa coloca em prática os valores e normas de comportamento que estabeleceu para operar. Ela é um fator importante de diferenciação da companhia no mercado, que reflete diretamente nos produtos ou serviços que oferta e na maneira como os colaboradores e parceiros a enxergam (clima organizacional).

Em outras palavras, de nada adianta gastar horas trabalhando em um documento de declaração de missão, visão e valores de sua empresa se ele não se materializar em comportamentos cotidianos visíveis e alinhados com o que se propõe cumprir.

Líderes, portanto, têm papel fundamental tanto na construção da cultura organizacional quanto na adoção e manutenção dela na prática.

5 comportamentos do líder para a formação da cultura organizacional

O conceito de cultura organizacional foi cunhado pelo psicólogo norte-americano Edgard H. Schein, autor de obras como Cultura Organizacional e Liderança e Liderança Sem Ego.

Em seus estudos, Schein lista 5 maneiras em que a cultura organizacional se manifesta no trabalho de um líder. São elas:

  1. O que você mede, dá atenção e controla
  2. Como você reage a crises ou problemas
  3. Como você modela, ensina e conduz pessoas
  4. Como você recompensa e define cargos
  5. Como você recruta, seleciona, promove e aposenta funcionários

Note que, de acordo com os comportamentos adotados para cada um dos fatores acima, as lideranças constroem diferentes culturas organizacionais.

Líderes mais centralizadores tendem a construir uma cultura baseada nas relações de poder e autoridade.

Líderes focados em tarefas costumam distribuir melhor os papéis, mas nem sempre conseguem fazer com que as equipes se engajem no todo ou em um propósito comum.

Enquanto que as lideranças que adotam uma cultura focada em pessoas valorizam mais os seus colaboradores favorecendo o crescimento individual e a retenção de talentos.

 

Cultura Organizacional - 5 fatores importantes - Edgar H. Schein

Clima organizacional ruim? A culpa é do líder

Poucas coisas no dia a dia de uma empresa podem ser creditadas apenas às lideranças. Mas se tem um caso em que isso acontece é na manifestação do clima organizacional. Para o bem ou para o mal.

Como vimos acima, se a construção, a adoção e a manutenção da cultura organizacional partem necessariamente do trabalho das lideranças, é aos líderes que devemos voltar nossa atenção quando alguma coisa não está dando certo.

A conduta do líder diante da cultura organizacional é a principal responsável pelo sucesso ou insucesso dela com as suas equipes. É o líder, através das ações que listamos acima, quem valida ou não os valores e desejos da companhia.

Vejamos um exemplo clássico de dissonância entre a cultura organizacional e a prática.

Imagine uma empresa que estabeleça que seus vendedores devem respeitar os valores de ética e legalidade em todas as suas negociações.

Agora pense que há entre eles um vendedor que, mês a mês, bate todas as metas de vendas, mas passa por cima de regras, traz stress para os outros departamentos e não cumpre o que promete.

Mais cedo ou mais tarde é possível que um colega de trabalho vá reclamar a seu líder sobre o comportamento do colega. A resposta? “Veja bem, sabemos disso, mas como ele é o que mais traz vendas para a companhia, temos de conviver com isso e não podemos dispensá-lo.”

Tremendo balde de água fria, não? É a velha máxima do “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”, um dos principais fatores que fazem com que uma cultura organizacional não vingue e que arruínam o clima dentro da organização.

Quando a liderança e a cultura organizacional andam juntas

Existe uma expressão em inglês para quando o comportamento da liderança e os valores definidos na cultura organizacional caminham juntos: “Walk the talk”.

Um dos exemplos mais bem-sucedidos disso no Brasil é o da empresária Luiza Trajano, que comanda a gigante de varejo Magazine Luiza.

De origem simples, Luiza começou a trabalhar como balconista na loja que foi de sua tia e passou por diversos departamentos, como cobrança e gerência de vendas, antes de assumir a direção do empreendimento.

Desde então, sua postura foi sempre a de uma liderança serena e acessível, focada nas pessoas e em melhorar a vida e dar assistência e oportunidades a seus colaboradores.

Além do mais, por conhecer a fundo a realidade do negócio e ter herdado os valores que trouxeram a rede até aqui, Luiza consegue incorporar como ninguém a cultura organizacional da empresa. Luiza “walks the talk”!

“Faz 38 anos que eu conheço a Luiza. Jamais eu vi ela falar uma coisa que ela não faz, alguma coisa que ela não acredita”, diz a diretora-executiva do Magazine Luiza, Isabel Oliveira (assista neste link ou no vídeo abaixo).

 

Liderança não tem a ver com idade ou geração

Uma das perguntas que mais tenho ouvido em sala de aula ou nos treinamentos em empresas da Rock Ensina é se é mais fácil para os jovens liderarem as equipes de trabalho hoje, formadas predominantemente pela Geração Y.

A resposta é: não. O exemplo de Luiza Trajano é a prova de que uma mulher de 69 anos, uma legítima Baby Boomer, pode muito bem estar à frente de uma companhia inovadora, com equipes jovens e 100% alinhada com os avanços da tecnologia.

Muito mais importante é que os seus valores e comportamentos estejam sempre em sintonia com a cultura organizacional compartilhada com os colaboradores.

Outro exemplo que desmistifica a ideia de que é preciso ser jovem para liderar os jovens no novo ambiente do trabalho é o do técnico de futebol do Liverpool, Jürgen Klopp. Aos 54 anos, o alemão é hoje um dos treinadores mais respeitados e bem-sucedidos do mundo.

Bem menos comedido que Luiza Trajano, afinal é um autêntico representante da Geração X, Klopp conseguiu liderar suas equipes ao sucesso adotando um estilo humanizado e autêntico de liderança.

Fiel ao lema do clube inglês — “You will never walk alone”, ou, em português, você nunca caminhará sozinho –, o treinador se comporta quase como um torcedor, sem o formalismo ou a posição autoritária de colegas de profissão.

Klopp não faz questão de esconder que nunca foi um grande jogador de futebol, nem de admitir seus erros e gafes, mas justamente por isso acaba conquistando a confiança e cumplicidade dos atletas que se compromete a liderar.

Traduzindo seus valores em atitudes, o treinador é outro exemplo perfeito de como não existe cultura organizacional sem que o líder a incorpore nos seus comportamentos.