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Síndrome do Impostor no trabalho? Você não está só

Síndrome do Impostor no trabalho? Você não está só
Helena Sachs
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Você já ouviu falar da Síndrome do Impostor? Apesar de ainda não ser reconhecida pela OMS como um transtorno psicológico, ela faz parte dos estudos de saúde mental e ocasiona problemas tanto no trabalho como na vida social.

Isso porque as pessoas afetadas por essa síndrome acabam ficando inseguras com relação às próprias competências. É a chamada “inferioridade ilusória”, que faz com que, mesmo que sejam muito qualificadas, repletas de habilidades e tenham trabalhado muito para alcançar os seus objetivos, elas se coloquem em dúvida sobre si mesmas.

De acordo com o psicólogo Gilmar Fidelis, professor no Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, essa síndrome faz com que pessoas que possuem uma competência técnica bem estabelecida atribuam seus sucessos a outros fatores, como sorte ou oportunismo.

Elas buscam acreditar em algo que possam controlar para tentar justificar por que ocupam tais posições no trabalho ou até mesmo em relacionamentos, pensando que não são tão inteligentes ou competentes assim como os outros imaginam.

Em um artigo científico intitulado “Treatment of impostor phenomenon in psychotherapy clients” (Tradução livre: Tratamento do fenômeno do impostor em pacientes de psicoterapia), os autores Gail Matthews e Pauline Rose Clance relatam que até 70% dos entrevistados de sua amostra que podem ser considerados “bem sucedidos” apresentam sintomas ligados à Síndrome do Impostor.

Para estes, a insegurança acaba sendo tamanha que o medo de errar prevalece, fazendo com que, mesmo capacitados, acabem tomando as decisões erradas que tanto tentavam evitar, em decorrência exclusivamente da autossabotagem.

Saiba se você tem os sintomas da Síndrome do Impostor

  • Você tem sucesso nas tarefas, apesar do receio de não se dar bem?
  • Quando é elogiado por algo que fez, sente a pressão de não conseguir superar essa expectativa futuramente?
  • Enxerga suas conquistas como fruto de mera sorte?
  • Tem receio de que as pessoas se decepcionem com a sua real capacidade?
  • Fica remoendo as vezes em que não se saiu tão bem, deixando de lado aquelas em que se superou?
  • Não aceita os elogios referentes à própria inteligência ou realizações?
  • Se decepciona com a maioria dos seus resultados, por achar que deveria ter feito melhor?
  • Depende de aprovação externa a todo momento?
  • Fica ansioso por achar que não é capaz?
  • Sente que não merece o seu cargo ou posto ocupado?

Caso a maioria de suas respostas acima tenha sido afirmativa, provavelmente você sofre ou já sofreu com a Síndrome do Impostor.

Como superar a Síndrome do Impostor

Já vimos que muitas pessoas sofrem com a Síndrome do Impostor, ainda que tenham uma carreira de muito sucesso. Um grande exemplo disso é a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama, que relatou em uma entrevista para a BBC News que precisou trabalhar muito duro para superar a pergunta que sempre faz a si mesma “Será que sou boa o suficiente? Será que estou à altura disso tudo?”.

Nos casos mais graves da Síndrome do Impostor é muito importante buscar ajuda de um profissional de saúde mental para que as causas desse sentimento de inferioridade sejam estudadas.

No ambiente de trabalho, buscar um mentor para ajudá-lo a desenvolver sua vida profissional é também um caminho essencial, que pode trazer melhoras significativas em seu desempenho.

Trabalhar o autoconhecimento, como em nossos cursos na Rock Ensina, é outra ferramenta importante para superar essas inseguranças.

Você pode começar com essas 6 dicas básicas:

  1. Reconheça o seu sucesso como consequência dos seus talentos e habilidades
  2. Não atribua suas conquistas à sorte ou ao acaso
  3. Não se compare com outras pessoas
  4. Tente ser a sua melhor versão sempre
  5. Converse com outras pessoas sobre o que você está sentindo
  6. Lembre-se que ninguém é perfeito e que erros fazem parte da vida

“Tem muita coisa que as pessoas fazem para não terem de ceder lugar, (…) dividir o poder. E existe jeito melhor de se conseguir isso do que fazendo você pensar que você não pertence?”

Michelle Obama

Fonte: TED talks – O que é a síndrome do impostor e como combatê-la – Elizabeth Cox

Fonte: TED talks – Como você pode usar a síndrome do impostor em seu benefício – Mike Cannon Brookes

O Efeito Dunning-Kruger ou a superioridade ilusória

Ao contrário da Síndrome do Impostor, o Efeito Dunning-Kruger, descrito em 1999 pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, é um fenômeno caracterizado pela superioridade ilusória. Nele, pessoas com pouca qualificação sobre determinado assunto acabam se sentindo superiores aos demais.

De acordo com Gilmar Fidelis, é a própria incompetência do indivíduo, aliada à arrogância, que borra sua visão sobre suas reais capacidades, levando a más decisões e falhas no trabalho que podem ser extremamente prejudiciais.

Pessoas que possuem a melhor ideia de si mesmas, não raro, são as menos capacitadas: quanto menos domínio têm sobre um tema mais pensam que sabem o suficiente. Ao contrário dos especialistas acometidos pela Síndrome do Impostor, que acabam se valorizando menos por pensarem que os outros também possuem o mesmo nível de conhecimento que eles.

De acordo com David Dunning, em artigo publicado na revista Pacific Standard, as pessoas menos qualificadas em um setor nem sequer possuem a experiência necessária para saber o que estão fazendo de errado.

Segundo um estudo feito em 2012, quatro anos após a grave crise do sistema bancário de 2008, 23% dos norte-americanos entrevistados que haviam se declarado recentemente falidos deram a si mesmos nota máxima em conhecimentos de finanças.

Como, afinal, descobrir se somos bons ou não em determinada coisa

A primeira dica é pedir sempre o feedback de terceiros. Mais importante do que receber o feedback, porém, é levá-lo em consideração, mesmo que seja difícil de ouvir algumas críticas.

Outra dica é continuar buscando aprendizado. Quanto mais conhecimento temos sobre os assuntos nos quais focamos nossa vida e nossa carreira, menor é a probabilidade de deixarmos buracos invisíveis em nossas competências.

Fonte: TED talks – Why incompetent people think they’re amazing – David Dunning